terça-feira, 17 de julho de 2012

The beautiful people


Ela tem pena de si própria e por isso decide atirar-se ao rio.
Ela odeia-se por ter pensado nisso e por isso tem pena de si própria.
Ela está sem saída porque faça o que fizer terá sempre que voltar.
A si.


Ele não gostava de olhar-se ao espelho num corpo que não poderia manter.
Ele desatou o corpete devagar enquanto sorvia tudo o que cabe num gargalo.
Ele decidiu engolir o próprio vómito quando já não o podia conter.
Porque um homem não chora.


Ela achou que ser bonita era uma maldição que a impedia de pensar.
Ou de parecer pensar.
Ela caiu de olhos fechados numa lareira para se sentir mais inteligente.


Ele pensou que bater-lhe e virar costas era a melhor maneira de esconder o que sentia.
Ele pensou que ela finalmente o deixaria por isso e não teria de voltar a magoá-la de nenhuma maneira.
Ele chegou e ela estava à sua espera de lágrimas secas.


Ela jurou nunca mais sentir-se presa numa vida que não era a sua.
Ela apanhou o comboio sem mochila e nunca sequer olhou para trás.

quinta-feira, 12 de julho de 2012


Tenho uma vontade de chorar a morder-me os calcanhares há coisa de uma semana.
Começa a atrapalhar-me a vida porque onde eu atravesso, tropeça ela.
Aí vem-me de surpresa aquele aperto à garganta que não sei depois distinguir entre vómito ou soluço dramático, mas que em qualquer dos casos me deixa com cara de parva.
E a vida, que não pára, olha-me de sobrolho esquerdo levantado como se eu não tivesse o direito de parar o jogo por um bocado-tempo, de fazer pausa nas cláusulas que estipulámos ao nascer aquando do primeiro berro.
Se ao menos agora pudesse só berrar.

well thanks bitch, now i'm able to write again