domingo, 15 de abril de 2012

Entre Irmãos

ou contos eróticos entre anormais

A cara de um era quase o espelho do outro.
Um espelho diferente em género apenas.
Quando se tocaram tremeram de vergonha como só os corpos virgens tremem.
Coraram como as crianças que deixariam de ser.
Suavemente começaram a percorrer o trilho de pelos que se eriçavam à passagem do que pensavam chamar-se amor.
Nunca se olharam nos olhos enquanto conheciam o corpo que agora lhes pertencia.
Seria como olhar para dentro.
Conheceram-se com dedos ansiosos e lábios entreabertos de prazer de crianças.
De repente algo estranho aconteceu no corpo dele que o fez esconder-se no peito dela.
Ela acalmou-o, é como nos filmes, disse.
E ele preencheu todo o seu corpo como se o tivesse feito desde sempre.
Gemeram e sussurraram como se tivessem alguma vez tido um segredo.
Horas depois de adormecerem de mãos dadas, ela soube que nunca mais seria uma só.
Gémeos, disse-lhe ao ouvido.
Ele sorriu e fechou-se sobre o umbigo dela.
Era natural, já os seus pais o tinham feito.


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